SANTA MUERTE

O conteudo deste post tem como objetivo agregar conhecimento.





O CULTO DA SANTA MORTE














AS ORIGENS DO CULTO

O culto do Senior la Muerte consiste em centenas de milhares de seguidores espalhados pela Argentina e países vizinhos. Estes devotos adoram incondicionalmente e louvam o Portador da Foice, cuja magia é invocada ritualmente a fim de se obter dinheiro e riquezas, atrair pessoas para o amor, abrir caminhos para a felicidade e o sucesso, protegê-los de todos os perigos, ajudá-los a adquirir poder, curar e banir doenças, lançar ou desviar maldições, e dominar ou aniquilar seus inimigos.

Neste culto, Señor la Muerte é representado pela imagem de um esqueleto, geralmente com uma capa negra, e segurando uma foice em uma das mãos. Acredita-se que tanto a origem desta representação como a forma predominante do culto do Señor la Muerte, tenha se originado em 1767. Foi neste ano que o Rei Charles III ordenou a expulsão e perseguição dos jesuítas que haviam se estabelecido em Cuenca del Plata. Esta decisão política ocorreu devido ao fato de que os jesuítas no Paraguai e Argentina tinham, naquele momento, obtido poder, fortuna e influência o suficiente para preocupar a Igreja Católica, que por sua vez convenceu a monarquia espanhola a agir contra os jesuítas, em uma campanha que visava retirá-los de suas colônias e confiscar todas as suas riquezas.

Estes jesuítas que tinham, com a ajuda das tribos locais dos índios Guaranis, construído muitos templos e igrejas ricamente adornados, recusaram a se render à Espanha. Isso resultou em uma abordagem ainda mais enérgica do Rei Charles, que mais ou menos declarou guerra aos jesuítas e todos os seus seguidores. Com seu poderio militar superior, e conduzidos pelo General Carlos Francisco de Croix, a força militar espanhola aniquilou a maioria dos jesuítas, confiscou suas riquezas e queimou muitos de seus templos e igrejas.

Em um dos mais importantes destes templos havia um ícone muito especial esculpido na madeira sagrada do Palo Santo. Esta imagem em tamanho real retratava Jesus, Satã e a Morte na forma de um esqueleto ceifador de almas. O grupo de índios Guaranis que haviam esculpido esta imagem para os jesuítas, salvaram a imagem de madeira das chamas que consumiam o templo. Eles carregaram o enorme ícone floresta adentro, e antes de retornarem para suas respectivas vilas, eles partiram a imagem em três partes separadas. Então eles dividiram as três partes entre si, deste modo uma tribo ficou com a imagem de Jesus, a segunda tribo com a imagem de um Diabo chifrudo, e a terceira tribo ficou com a imagem da Morte, na forma familiar se um esqueleto armado com uma foice.

Portanto, os três cultos do Señor Jesus, Señor Diablo/Satan e Señor la Muerte se desenvolveram entre estas tribos Guarani. Os três cultos foram mais pagãos do que cristãos, pois possuíam conexões profundas com sua própria antiga religião e magia xamânica, do que com a religião a qual os jesuítas tentaram convertê-los.

De acordo com a tradição popular, a linhagem moderna do culto do Señor la Muerte é atribuída diretamente á tribo Guarani que decidiu igualar o Esqueleto Portador da Foice com seus próprio antigo deus da morte e o veneram como um fetiche mágico, atribuindo com o poder tanto de proteger os fiéis contra uma “morte ruim” como de punir todos os seus inimigos.

Ademais, influências das religiões afro-brasileiras e sistemas de bruxaria podem ser observadas em certas manifestações do culto do Señor la Muerte na Argentina, e estas são consideradas por alguns e também foram espalhadas na Argentina pelos Guaranis.

Devido ás influências das tradições africanas, alguns seguidores do Señor la Muerte tem comparado ou identificado o Senhor da Morte como um Exu. Os Exus que SLM tem na maioria das vezes identificado com aqueles relacionados aos cemitérios e as linhas da caveira e da Kalunga, tais como Exu Senhor da Morte, Exu Morte, Exu Caveira, Exu Tata Caveira, e o regente das almas dos mortos, Exu Rei das Almas Omulu.

Em alguns locais da Argentina, este sincretismo se desenvolveu muito naturalmente por causa das similaridades simples e óbvias que haviam entre os dois cultos. Por exemplo, segunda-feira é o dia tanto de Exu como do SLM, utilizando-se tanto talismãs ou velas pretas e brancas ou vermelha e preta, e ambos recebem oferendas de tabaco, cravos vermelhos, velas pretas e vermelhas, licor, cerveja, azeite de dendê, costeletas de porco fritas ou cruas e comida apimentada.

Como Exu, SLM é visto como um abre-caminhos em potencial, que detém as chaves de todos os caminhos e portas trancadas, e tem o poder tanto de conceder grandes bênçãos, como de trazer a morte. Semelhante a forma como Exu usa seu tridente para remover todos os obstáculos que bloqueiam o caminho, SLM usa sua foice poderosa para cortar, transformar, remover ou eliminar aquilo que bloqueia o fluxo de seu poder. Tanto Exu como SLM são requeridos e pagos por seus favores, que abrange desde banimento e cura a atos de assassinato mágico.

O sincretismo entre os dois cultos mencionados acima pode ser interessante, mas se considerado pela perspectiva iniciatória da Quimbanda e seu ponto de vista sobre o que Exu realmente é, o sincretismo em questão não será válido. O mesmo vale para a perspectiva mais esotérica do culto do SLM, que deixa claro que o sincretismo popular mágico entre Exu e SLM não é bem fundamentado e se baseia apenas nos atributos exteriores dos dois cultos.

Na segunda parte deste livro iremos mostrar outros exemplos mais relevantes das deidades as quais o SLM é geralmente relacionado, e também apresentar o entendimento esotérico de nosso próprio Templo em relação a identidade e origens de nosso Senhor da Morte.


OS DIAS DE FESTA

No culto argentino, os dias sagrados do Señor la Muerte são celebrados na sexta-feira santa, em primeiro de
Novembro (dia de Todos os Santos), em 15 de Agosto e em todas as sextas-feira treze. Durante essas celebrações, o Senhor da Morte é louvado por seus fiéis fervorosos e, em retorno ás suas preces, ele responde e ajuda a realizar trabalhos mágicos. Ele é recompensado com oferendas e festejos.

Entre os lugares na Argentina onde esses festejos podem ser observados com as cerimônias mais grandiosas e as festas mais maravilhosas, estão Corrientes, Chaco, Misiones e Formosa. É nestas cidades que o culto ao Señor la Muerte é fortemente difundido, o que pode ser comprovado pela liberalidade com que os seguidores do culto honram e celebram seu Santo da Morte portador da foice durante estes dias e noites sagradas.

Em 15 de Agosto, que é considerado por muitos o dia mais sagrado, os fiéis se reúnem em diversas casas onde fazem seus “altares abertos” acessíveis ao público, para que a coletividade preste honrarias ao seu Senhor da Morte. Oferendas de flores, velas, incensos, dinheiro, jóias e vários tipos de comida são depositadas aos pés das imagens representativas do Señor la Muerte.

Músicos tradicionais populares da Argentina são contratados e designados com a tarefa de manter a música tocando sem interrupções, até mesmo se revezando ao tocar as músicas, se necessário, então a música nunca pára enquanto os festejos ao Señor la Muerte acontecem. Boa parte da comida, bebida e a música são pagas com o dinheiro dado ao Senõr la Muerte por aqueles que foram agraciados com milagres, auxílios ou que foram abençoados de qualquer outra forma durante o ano precedente.

Geralmente descrita como um 'velório', esta festa em particular começa a meia noite, e geralmente termina ao amanhecer. Durante esta celebração muito grandiosa, uma procissão fúnebre é organizada em honra ao Senhor da Morte. Muitos celebrantes são escolhidos para carregar grandes estátuas e outras imagens representando o Señor la Muerte, e conduzir o restante da assembléia, dos quais muitos carregam tochas acesas, velas, foices, lâminas, e pequenas estatuetas representando seu Senhor da Morte.

Após marcharem através de grandes ruas e praças da cidade, os fiéis retornam ás suas casas, que servem de templo durante esses festejos, onde eles continuam suas celebrações até o amanhecer. Lá, defronte os altares, a maioria dos adeptos entre os seguidores, executam trabalhos mágicos e invocações ao Senhor Esqueleto, os quais são então canalizados por seus seguidores mais favorecidos na forma de bênçãos.


CULTOS ABERTOS E FECHADOS

Na tradição argentina, o culto do Señor la Muerte é composto de dois grupos, cada um dos quais serve e trabalha com o Senhor da Morte de maneiras diferentes. Um grupo é chamado de 'Culto Abierto', enquando o outro é conhecido como Culto Privado.

O Culto Abierto, que significa culto aberto, é a facção exotérica que é aberta ao público e é especialista naquilo que é muitas vezes é rotulada como magia branca. Os altares do Culto Abierto são tradicionalmente posicionados em um lugar central dentro da casa ou templo, onde eles são visíveis e acessíveis a todos os membros da família, amigos, visitantes e clientes que querem orar ou louvar, ou de outra forma conduzir o trabalho mágico, com o "Senhor da Boa Morte" (Señor de la Buena Muerte).

Por outro lado, o outro grupo, que é conhecido como o Culto Privado, é o grupo fechado e esotérico do culto ao Señor la Muerte, cujo trabalho espiritual é muitas vezes rotulado como magia negra. Dentro do Culto Privado, os altares e fetiches sagrados da morte são mantidos escondidos e protegidos de todos os olhares, exceto dos irmãos mais fiéis e seguidores do Senhor Esqueleto.

A regra geral dentro do culto esotérico é que o altar só pode ser utilizado pelo seu proprietário, e que qualquer estátua ou talismã adornando o Señor la Muerte nunca pode ser tocado ou visto por pessoas de fora. A crença é que, se alguém que não seja o proprietário e zelador do altar tocar ou olhar para a estátua consagrada do Senhor da Morte que é considerado o mais sagrado dos santos dentro do Culto Privado, todo o poder da magia negra iria deixá-lo, o que forçaria a uma reconsagração do ícone profanado. É, portanto, habitual manter os fetiches num altar central, ou cobrir todo o altar com véus negros a fim de proteger as imagens sagradas de curiosos e profanos. É por isso que se diz que somente o proprietário do altar pode servir e invocar as bênçãos do Señor la Muerte.

 ORGANIZAÇÃO DO ALTAR

No culto aberto, os altares do Señor la Muerte são bem iluminados por velas brancas, metade branca e metade
preta, amarela e vermelha. Uma estátua ou outra imagem do Señor la Muerte, acompanhada de um crucifixo e uma imagem de Santa Catalina, é posicionada no centro do altar que está sempre adornado com cravos vermelhos, a flor atribuída ao Santo da Morte tanto no culto aberto como no fechado.

No Culto Privado, no entanto, a configuração do altar é um pouco diferente. Acredita-se que a posição ideal para o altar é o mais próximo do chão possível e, no melhor dos casos, deve ser construído diretamente sobre o chão. O altar deve ser construído sobre uma placa fina de pedra e coberta com uma toalha preta de altar. Em alternativa,

uma mesa baixa, também coberta com um pano de altar apropriado, pode ser usada. A razão esotérica para que o altar seja perto do chão é a crença de que as estátuas e fetiches do Señor la Muerte possam canalizar a energia e poder das correntes ctônicas que permeiam e atravessam a Terra.

A imagem do Señor la Muerte é sempre colocada em uma posição central sobre o altar, e atua como ponto focal para as forças que estão sendo chamadas e canalizadas durante os diferentes trabalhos mágicos. Esta imagem pode ser feita de metal, madeira, ossos humanos ou de animais, gesso, argila ou cerâmica, ou pintado em um pedaço limpo e consagrado de pergaminho ou tela.

O Señor la Muerte é geralmente visualizado e simbolizado por um esqueleto vestido com uma capa de capuz preto, branco ou vermelho. As imagens do SLM vestido com um manto branco são usados nos rituais relacionados com a cura, boa saúde e o banimento de doenças e energias nocivas. As imagens ou ícones de manto vermelho são usados em trabalhos mágicos relacionados com a luxúria, amor, dominância e paixões ardentes.

Os ícones e imagens do SLM envoltas em negro são mais frequentemente utilizadas em conexão com feitiços relacionados ao lançamento de maldições, ou desvio e proteção contra todas as formas de agressão mágica. Acredita-se, portanto, que eles são os mais adequados para representar os atributos e poderes mais terríveis do Senhor da Morte. É devido a essa ligação com a magia negra que as imagens do Ceifador da Vida com a capa negra são encontradas sobre os altares do Culto Privado.

No Culto Privado é dito que o Señor la Muerte é um 'santo muito ciumento', por isso nunca se deve colocar imagens ou fetiches de nenhum outro santo ou espírito sobre o seu altar. Por exemplo, nem a imagem de Santa Catalina, nem de Jesus crucificado podem ser usadas sobre o altar, como o são usadas no culto aberto.
Geralmente as velas usadas sobre os altares no culto fechado são pretas e vermelhas, mas também metade vermelho e metade preto, e metade preta e metade branca são usadas em diferentes trabalhos mágicos.
Frequentemente, duas velas grossas de sete dias são colocadas nos lados direito e esquerdo da imagem central. Estas velas são usadas tanto para iluminar o altar como para ativar os poderes que residem dentro dos ícones sagrados da morte. Além destas duas velas de sete dias, muitas outras são normalmente acesas sobre o altar, tanto em ligação a várias formas de feitiços através de velas mágicas, como a ofertas votivas ao Senhor da Morte.

Um copo, ou taça, é colocado diretamente em frente ou ao lado da imagem central, e é usado para servir as diferentes bebidas alcoólicas dadas ao SLM como libação. Outro elemento importante no altar é um prato dedicado ao Señor la Muerte, sobre o qual todas as oferendas de alimentos são servidas. Um braseiro, ou outra forma de incensário, e um cinzeiro para as ofertas de charutos, também devem ser posicionados sobre o altar.

Um vaso cheio de cravos vermelhos ou rosas ofertadas ao Senhor da Morte é colocado em um lado do altar. Tradicionalmente, uma nota de um dólar dobrada, com o lado da pirâmide virado para cima, é colocada na frente do vaso de flores, significando tanto um talismã para riqueza, como a onipresença que tudo vê do Senhor da Morte.

Ás vezes, um par de ossos da tíbia humana, ou de animal, são cruzados na forma de um X e postos no chão em frente ao altar, para simbolizar os poderes do limiar da morte do Poderoso Espírito Esqueleto.

Dependendo do tamanho da estátua central, um pequeno caixão de madeira pode ser utilizado para guardar a imagem, quando ela não estiver em uso ou se for necessário mantê-la escondida. Isto é feito tanto para proteger a forma física da estátua, como para a manter longe de olhos profanos. Se a pessoa não tiver acesso a um caixão de madeira, ou se a estátua for muito grande, um manto de seda negra é usada para cobrir a estátua.

Uma caixa de madeira adornada com símbolos importantes, tais como crânios e ossos cruzados, também é colocada sobre o altar. Pequenos fragmentos de prata e ouro são agrupados dentro desta caixa como forma de pagamento a cada vez que o Señor la Muerte cumpre as tarefas exigentes que lhe são confiadas, ou quando Seus poderes trazem sucesso aos trabalhos mágicos mais complexos feitos em Seu nome. Além de prata e ouro, uma soma apropriada em dinheiro também pode ser colocada dentro desta caixa de tesouros do SLM, como uma oferenda e pagamento por suas bênçãos. Isso geralmente é feito em relação aos feitiços bem sucedidos ligados a dinheiro, e é dado a fim de se receber mais.

Tradicionalmente, quando o Señor la Muerte já realizou muitos milagres para o proprietário do altar e seus clientes, e a caixa de tesouros estiver cheia e sem mais espaço para oferendas adicionais, o conteúdo é levado a um ourives. Os metais preciosos são então derretidos e ao ourives é atribuída a tarefa de fazer uma coroa de ouro, com a qual o ícone do Señor la Muerte é coroado. É também habitual ao ourives criar uma bela foice dourada com

um cabo de prata, o qual é então colocado nos pés ou nas mãos do Senhor da Morte. Após a estátua ter sido coroada e dada a foice de ouro e prata, os outros tesouros são recolhidos à caixa em troca ds bênçãos do SLM, até a caixa se encher com dinheiro e ouro o suficiente para banhar em ouro a estátua inteira.

Considera-se as oferendas de agradecimento descritas acima como sendo muito bem recebidas pelo Santo da Morte, e acredita-se fortalecer o vínculo entre o proprietário do altar e o Señor la Muerte. Porém, como nem sempre é possível ofertar prata, ouro e dinheiro, outras ofertas mais convencionais podem ser dadas a cada semana. Então, quando as oferendas especiais de agradecimento são necessárias, as ofertas mais acessíveis dobram ou triplicam.


OFERENDAS

Segunda feira é o dia reservado para a 'alimentação' semanal do Santo da Morte, que é realizada com a colocação
de tipos específicos de oferendas em cima ou na frente do altar. Acredita-se que as energias que estão no interior ou que são canalizadas através destas oferendas, fortalecem a conexão com os poderes que residem dentro dos fetiches do altar do SLM.

Os dois tipos mais importantes de ofertas são licor, que é derramado no copo ou cálice do Senhor da Morte como uma libação, e tabaco, que é geralmente dado sob a forma de um charuto.

O licor é, por vezes, preparado de antemão para que seja adicionada uma pequena quantidade de folhas de arruda frescas. Na Argentina, 'rue' ou 'ruda' é uma planta que está fortemente ligada aos poderes de limpeza do Señor la Muerte, e é frequentemente usada como um ingrediente importante em muitos dos trabalhos mágicos realizados em Seu culto. Contrariamente à maneira pela qual outras ofertas são retiradas do altar e descartadas após um período relativamente curto de tempo, os restos do licor oferecidos no cálice não precisam ser jogados fora. Ao invés disso, é costume substituir apenas a quantidade de álcool que tenha evaporado nos últimos sete dias, de modo que o cálice é mais uma vez cheio até a borda.

Além do cálce de bebida, é comum ás vezes também dar uma garrafa de cerveja como uma oferenda ao Santo da Morte. Isto é frequentemente combinado, de uma maneira um tanto peculiar, com o referido charuto. A garrafa é aberta e colocada sobre o altar, e um charuto espesso é aceso em nome do Senhor da Morte. O charuto é fumado defronte ao ícone/fetiche central do altar e sua fumaça é soprada treze vezes sobre o fetiche potencializado e sobre todos os outros objetos no altar. A parte restante do charuto é então posicionado no interior da abertura da garrafa de cerveja, com a ponta em brasa voltada para cima, esta garrafa é então apresentada ao SLM e colocada perto de sua santa imagem.

Oferendas de incenso também são uma parte importante da alimentação do Santo da Morte. Os dois incensos mais frequentemente oferecidos a ele são mirra e patchouli. Acredita-se que a fumaça da queima de mirra tem o poder de reforçar suas energias, ao passo que o aroma da queima do patchouli, que é semelhante ao da terra fresca retirada de uma sepultura, facilita a manifestação de seus poderes. É, portanto, comum que o incenso de mirra e/ou patchouli sejam queimados em honra ao Espírito Esqueleto durante os rituais de alimentação das noites de segunda feira. Acredita-se que isto fortalece a essência de sua presença espiritual e a parte de Seu poder que reside no interior da estátua central e em outros ícones sagrados do altar.

Além disso, as flores dos vasos do altar devem ser trocadas a cada segunda feira por cravos vermelhos frescos ou rosas.

Diversas oferendas de comidas podem ser dadas ao SLM ás segundas-feira, especialmente se ele deve ser gratificado por alguma tarefa específica ou se estiver sendo requerido uma concessão de seus poderes para um tipo mais avançado de feitiçaria. Se o altar pertencer ao Culto Abierto e for usado para trabalhos de magia branca, as oferendas de alimentos são servidas sobre o prato especial do altar, à noite entre as 18:00 e 23:00 horas.
Geralmente os alimentos oferecidos incluem costeletas ou costelas de porco grelhadas, cebolas em rodelas, feijão preto cozido, abóbora cozida, pipoca sem sal, chocolate e outros tipos de doces.

Por outro lado, se o altar pertence ao Culto Privado e é, portanto, utilizado para a prática das Artes Negras, todas as oferendas são dadas ao Senhor da Morte depois da meia-noite, entre as 00:00-03:00. Essas oferendas de

alimentos são um pouco diferentes daquelas mencionadas acima, uma vez que devem satisfazer um apetite mais feroz. Costeletas de porco cruas e sangrando, coração e fígado de um porco ou um cordeiro, pimentões inteiros, cebola e tomates picados, pedaços de abóbora crua, batatas cozidas, feijão preto, mel, caramelos e chocolate preto, são algumas das oferendas diversas que atendem a esse aspecto do Senhor da Morte.

Todas as oferendas de alimentos servidas no prato do altar devem ser gerenoras e temperadas com pimenta vermelha e preta, alho e salsa, mas nunca devem ser salgadas. Este tabu contra o sal à baseado na crença de que os poderes de conservação do sal possuem a capacidade de banir certos aspectos das energias ligadas à morte a ao reino dos mortos. Algumas tradições também defendem que, para 'adoçar' as bênçãos do Senhor da Morte, um pequeno prato de açúcar ou mel deve ser oferecido em cada refeição completa que é servida sobre o altar.

Além disso, os números sete e treze são sagrados para o Señor la Muerte, por isso é apropriado e sábio fornecer algumas das oferendas nesta quantidade. Isto vale tanto para os itens não-alimentares, como flores, como para as ofertas de alimentos. Por exemplo, sete ou treze caramelos, doces, biscoitos ou pedaços de frutas ou legumes podem ser usados para adornar as ofertas de alimentos. Ao utilizar estes números sagrados da morte na apresentação das oferendas, as energias nelas contidas podem ser transferidas para as presenças espirituais a que elas são destinadas a nutrir e fortalecer de forma mais eficaz.

É muito importante lembrar que qualquer louça, pratos ou taças usadas para servir estas oferendas de alimentos ao Señor la Muerte devem ser compradas especificamente para Ele, e jamais devem ser utilizadas para qualquer outra finalidade além daquelas pretendidas. Pois comer do prato da morte é, de acordo com a tradição, a mesma coisa que ingerir um veneno letal. Quando não estiverem sendo utilizadas sobre o altar, as louças devem ser mantidas em um lugar seguro perto do altar.

Todas as oferendas de alimentos devem ser deixadas sobre o altar por pelo menos 24 horas, e então colocadas dentro de um saco de papel, juntamente com as flores murchas que foram substituídas na noite anterior, a garrafa de cerveja e o charuto. Este saco de oferendas é então levado a um cemitério, e colocado sobre um túmulo ou atrás de uma grande lápide, ou escondido entre as árvores ou arbustos próximos dos túmulos. Se não for possível visitar um cemitério, as oferendas podem ser levadas a uma floresta e depositadas sob uma árvore velha, ou na melhor das hipóteses, no oco de um tronco de árvore.

PRESSÁGIOS E VISÕES

Após montar o altar para o Señor la Muerte e dar as oferendas pela primeira vez, é muito comum começar a
receber diferentes tipos de sinais, visões e sonhos, pois o Senhor da Morte torna sua presença conhecida e reconhece seus seguidores. Por exemplo, não é incomum, após iniciar os trabalhos concretos com o Espírito Esqueleto, começar a ver de repente imagens e estátuas dele nos lugares mais inesperados, ou em um contexto que serve para relembrar a devoção à onipresente Sombra da Morte.

Também é comum experimentar, nos estados de sonhos lúcidos, diferentes formas de contato com o SLM, que se manifesta em sua forma astral do Senhor Esqueleto, com o manto e a foice em punho. Através destes sonhos, torna-se possível uma forma muito concreta de comunicação com o Senhor da Morte, e seus seguidores mais abençoados podem, no reino onírico, ter instruções diretamente dele, que podem ajudar muito na execução de seus ritos mais secretos. Acredita-se ainda que, para ter sonhos recorrentes sobre o Senhor da Morte após ter afirmado conscientemente seu poder, é um bom presságio que sinaliza que o novo devoto foi aceito pelo 'Monarca dos Ossos' como um de seus filhos fiéis.

O Señor la Muerte também pode se manifestar dentro do reino físico e, nesses casos isolados, é reconhecido por assumir a forma de uma sombra negra que emana tamanho poder e força que é impossível confundí-lo com

qualquer outro espírito ou deus. Com o tempo, a ligação estabelecida entre o devoto e o SLM é tão forte e intensa, que quando a proteção de sua foice é muito necessária, a sombra protetora do Senhor da Morte é sentida, e ás vezes vista (por aqueles que possuem olhos para vê-lo) em pé atrás de seu seguidor.

O Senhor da Morte também pode fazer sua presença conhecida através da movimentação ou outro tipo de manipulação de sua estátua ou de outros itens consagrados do altar. Por exemplo, isso pode acontecer no dia seguinte após um trabalho mágico avançado, quando se percebe que a estátua do SLM ou outro objeto do altar foi movido ou virado para a esquerda ou para a direita. Em casos mais extremos, a estátua pode ser encontrada virada totalmente para a parede, ou então estar rachada ou quebrada sem que ninguém tenha tocado nela. Estes tipos de presságios podem ser interpretados como um aviso, indicando que o Señor la Muerte está de alguma forma descontente, ou que tenha ocorrido um erro grave no trabalho mágico.

Independentemente da forma como estes presságios são recebidos, sempre lhes são dadas a máxima atenção e tratadas como bênçãos em si, pois estar em contato com os poderes em questão, na medida em que estas formas de comunicação sutis (e ás vezes não tão sutis), é um sinal claro de que um indivíduo é capaz de canalizar o poder mágico do Senhor da Morte em todos os trabalhos de feitiçaria feitos em Seu nome.

TALISMÃS E ESTÁTUAS PAYÉ

Além da estátua principal do altar, existe uma imagem mágica importante, na forma de uma estátua pequenina
esculpida, muitas vezes tendo apenas de 3 a 5 cm de altura, que é colocada sobre o altar ou usada como talismã em torno do pescoço, em uma corrente de cobre. Atribue-se a esta estátua em miniatura o poder de trazer riquezas, poder, amor, força, vitória, e a proteção do Señor la Muerte ao seu dono. Em seu contexto original na língua e cultura Guarani, a palavra 'Payé' era um título atribuído aos magos, xamãs e pajés de suas tribos.

Segundo a tradição, os talismãs Payé mais poderosos são aqueles esculpidos em osso humano. O osso dos dedos da mão esquerda de um cadáver são os mais adequados e procurados para esculpir um Payé destinado ao uso na magia negra, e se um talismã for esculpido a partir de um osso da mão esquerda de um assassino executado, acredita-se que sua magia tenebrosa seja ilimitada. Há também uma tradiçao muito antiga, cuja origem chega aos Guaranis, que afirma que o mais poderoso de todos os talismãs Payé é aquele esculpido a partir dos ossos da mão esquerda de uma criança sem batismo.

Atualmente muitos seguidores do Senhor da Morte não fazem muita questão sobre que parte do corpo o osso deve ser removido. A opinião geral é que, desde que o Payé seja feito de osso humano, ele terá a magia do Señor la Muerte e concederá grandes poderes ao seu dono, bem como irá torná-lo invencível.

Além daqueles confeccionados a partir de ossos humanos, existem também talismãs Payé feitos de outros materiais, como ossos de animais, madeira ou metal. Estes talismãs não são tão poderosos quanto aqueles feitos de osso humano, porém acredita-se que são possuidores de poderes extraordinários. Na Argentina, a madeira mais usada para a criação do Payé é a da árvore do Palo Santo, que acredita-se ser mágica em si mesma e ligada a muitos espíritos poderosos. Uma alternativa mais obscura para o osso de animal ou a madeira de Palo Santo, é o chumbo. O chumbo utilizado para criar Payés excepcionalmente poderosos, que podem rivalizar com aqueles feitos a partir dos ossos de um assassino, é aquele tomado de balas removidas de cadáveres vítimas de assassinato. De acordo com a lenda e a tradição, a escultura ou entalhe dos poderosos talismãs Payé deveriam ser feitos idealmente por um presidiário pertencente ao culto, e na melhor das hipóteses, por um condenado por assassinato. Esta crença está ligada ao fato de que o culto ao Señor la Muerte é muito difundido nas prisões argentinas. Por causa disso, o SLM é visto por muitos como o 'Santo dos Criminosos' ou o 'Santo dos Assassinos', e é conhecido como patrono e protetor de todos os presidiários que lhes são fiéis. Esta é a razão pela qual os talismãs e estátuas confeccionadas pelos encarcerados seguidores do culto, são acreditados serem capazes de canalizar um aspecto especialmente poderoso da essência mágica do Senhor da Morte.

A data em que muitos talismãs Payé são consagrados é na sexta feira santa (antes da Páscoa). Além de conceder poder e riqueza, acredita-se que estes talismãs consagrados protegem seu dono contra todas as armas brancas, e são capazes de virar as armas e ataques do inimigo contra eles mesmos.

Em contraste com os minúsculos talismãs Payé, a estátua do Señor la Muerte no altar, que representa e canaliza

Seus poderes durante os trabalhos mágicos, geralmente não tem mais do que 15 cm de altura. Alguns seguidores do culto sinistro proclamam que os poderes canalizados através da estátua podem se tornar muito perigosos e destrutivos se o tamanho do ícone mágico exceder 15 cm. É por esta razão que a estátua central do altar usadas nos trabalhos de magia negra no Culto Privado geralmente têm entre 15 e 50 cm de altura.

Em alguns casos, as estátuas do altar principal também podem ser esculpidas a partir da madeira de Palo Santo ou osso, ou feitas de chumbo, mas os materiais mais comumente utilizados para sua confecção são argila e gesso. As estátuas e talismãs podem assumir diversas formas diferentes, mas são, conforme já citado, constituídas na forma simples de um esqueleto em pé com um manto e segurando uma foice em um das mãos.

Uma estátua do altar que seja comprada ou vendida sem a foice tem a finalidade de dar ao seu dono a tarefa da criação da foice. Neste caso, o cabo da foice deve ser feito preferencialmente a partir da madeira de um galho da árvore sagrada de um cemitério, e deve ser lixada suavemente e pintada de preto. A lâmina da foice pode ser feita da folha fina de qualquer metal capaz de ser cortado na forma desejada, mas tendo em mente que os metais mais apropriados para a confecção da lâmina é o chumbo, a prata e se possível, o ouro.

Acredita-se que a foice artesanal, quando colocada no punho da estátua do altar, reforça a ligação entre o dono do ícone sagrado e o Señor la Muerte, desta forma facilitando a canalização dos poderes que a foice do Senhor da Morte representa nos ritos de feitiçaria.

A CONSAGRAÇÃO DAS ESTÁTUAS DO ALTAR DO SLM

Antes que uma estátua do altar possa funcionar como uma porta para os poderes mágicos do Señor la Muerte, ela deve ser consagrada, abençoada e carregada. Acredita-se que é este processo que torna a estátua capaz de atrair e materializar uma pequena fração da essência ilimitada do Senhor da Morte. Dentro do culto aberto e do culto fechado, os métodos utilizados para a realização deste importante ato de consagração são totalmente diferentes.

Os seguidores do Culto Aberto são geralmente muito influenciados pelo catolicismo e ainda atribuem poderes mágicos e divinos à Igreja e ao clero. Portanto, é um fato aceito que, sem as bênçãos da igreja e de Deus, nenhum trabalho miraculoso pode ser feito. Acredita-se ainda que, para a imagem se tornar santa, abençoada e digna de ocupar os poderes do Grande Santo da Morte, ela deveria ser primeiramente levada a sete igrejas, abençoada por sete padres diferentes em sete sextas-feira consecutivas. Porém, devido à igreja se opor e rejeitar o culto do Señor la Muerte, como faz com todas as outras formas de idolatria e feitiçaria, conseguir sete padres para abençoar a estátua, é mais fácil dizer do que fazer.

Este problema geralmente é resolvido enganando-se os padres na hora de abençoar as estátuas. Uma das maneiras

mais comuns de se fazer isso, é escondendo a estátua a ser abençoada dentro de uma cesta cheia de flores e imagens representando alguns dos santos ortodoxos aprovados pela Igreja. Pede-se então ao padre para abençoar o conteúdo da cesta, que ele acredita conter os objetos usuais com os quais os 'bons cristãos' adornam os santuários de suas casas. Assim que o padre recita a oração e marca o sinal da cruz sobre o conteúdo da cesta, acredita-se que a estátua oculta do Senhor da Morte também tenha sido abençoada. Quando todo este processo for repetido sete vezes, e sete padres incautos enganados para abençoar a estátua, então acredita-se que a estátua esteja consagrada e pronta para ser colocada sobre o altar.

Dentro do Culto Fechado e Esotérico, o método acima mencionado para a consagração do ícone mágico é considerado tanto ineficaz quanto ridículo. Devido ao fato de que o culto ao Señor la Muerte é concebido como um culto essencialmente pagão, e por causa do sincretismo feito entre o SLM e muitos antigos deuses da morte, pouco vêem algum sentido em enganar sete padres desconhecidos e pouco dispostos a abençoar suas estátuas do altar.

Ao contrário, acredita-se que a estátua deva ser consagrada pelas mãos de seu proprietário ou, no pior dos casos, por outro seguidor iniciado ou sacerdote do Senhor da Morte. A fé é investida em suas próprias habilidades mágicas e ocultas, ao invés de uma igreja que reprova veementemente todo o culto ao Santo obscuro. Para um membro do culto fechado, a consagração da estátua do altar serve como o primeiro passo na iniciação dos mistérios, assim como um pacto entre o devoto e o Senhor da Foice.

Os métodos utilizados nas diferentes linhas do culto fechado e secreto na consagração dessas estátuas podem diferir quando se trata de detalhes, mas o ritual principal é geralmente conduzido por meio de um banho mágico e sagrado, que possui o poder de limpar, consagrar, capacitar e vincular o ícone à essência espiritual a qual ele pretende representar e manifestar.

Na segunda parte deste livro, daremos as instruções de um dos rituais de nosso próprio Templo esotérico, que é usado para animar e para a consagração edos fetiches sagrados do altar do Senhor da Morte. Esta ablução ritual é muito semelhante a alguns ritos de consagração que são usados nas linhas esotéricas de magia negra no culto argentino.

TRABALHOS MÁGICOS

A estátua consagrada do Señor la Muerte do altar desempenha um papel muito importante nos trabalhos mágicos de Seu culto.

Uma maneira comum de controlar, dominar, amaldiçoar e destruir lentamente alguém com a ajuda do Senhor da Morte, é colocar a fotografia da pessoa a ser golpeada, sob os pés do fetiche mágico. Em vez de uma foto, outros elos de ligação com o alvo, assim como seu nome escrito sete ou treze vezes em um pedaço de papel, fios de cabelo, aparas de unhas, ou uma peça de roupa que tenha sido usada pela pessoa em questão, podem ser utilizados.

Se o ritual é realizado com o intuito de ferir a pessoa representada na foto, então o trabalho será iniciado na segunda-feira, no soar da meia noite. A intenção mágica é proclamada ao Senhor da Morte e a foto é colocada sob sua estátua (abaixo de seus pés). O SLM é então requerido a destruir a pessoa que foi trazida a ele, em troca das oferendas tradicionais que lhes são servidas em frente ao altar. Neste momento, os sentimentos de ressentimento e ódio são evocados, enquanto se pede repetidamente ao Señor la Muerte para punir o alvo, vizualiza-se intensamente diferentes cenas em que a vítima sofre de várias maneiras através dos poderes perniciosos do Senhor da Morte, que são direcionadas a ela.

Todo o processo é repetido no decorrer de treze noites consecutivas, e a cada noite as oferendas dadas ao Senhor da Morte são trocadas por novas. Na décima terceira noite, que cai em um sábado (dia de Saturno), todo o procedimento é repetido do mesmo modo como nas noites anteriores, com a única diferença que o trabalho é finalizado com a queima da foto ou outro ítem relacionado à vítima, na chama da vela ao lado esquerdo do altar, até se reduzir ás cinzas.

Enquanto a foto ou outro ítem queima nas chamas, o devoto exclama sete vezes: “Em nome do Señor la Muerte, morte ao meu inimigo, NN”, enquanto visualiza o alvo gritando em agonia e sendo cortado pela foice do Senhor

Esqueleto. As cinzas da foto ou outro vínculo são estão espalhados sobre as ofertas de alimentos do Señor la Muerte, as quais são levadas a um cemitério e colocadas sobre um túmulo após a meia noite da noite seguinte.

Quando o feitiço demonstra ter tido sucesso e o alvo afetado da mesma forma que foi requerido, é costume oferecer um pedaço de prata ou ouro para o Senhor da Morte, que é colocado dentro de sua caixa de tesouro. Então, na noite da próxima segunda feira, é dada uma festa a ele, juntamente com pelo menos três vezes mais a quantidade de suas oferendas habituais.

É fundamental se lembrar de pagar ao Señor la Muerte por todas as suas bênçãos e favores, e sempre dar a ele o que foi prometido em troca de sua assistência. Se uma promessa ao Senhor da Morte for negligenciada, ele é conhecido por tomar algo ou alguém que nos seja verdadeiramente caro e que não se pode tolerar a perda.

Também são comuns outras formas diferentes de feitiçaria realizadas com a ajuda da estátua do Señor la Muerte, a fim de garantir a prosperidade e atrair dinheiro e riquezas. Por exemplo, um ritual simples para dinheiro pode ser feito no sétimo dia de cada mês.

Ao bater da meia noite, as oferendas tradicionais são servidas em frente ao fetiche mágico e o SLM é invocado e exortado. Então Ele, em sua função de proprietário de todas as riquezas do submundo, é requerido para fornecer dinheiro e riqueza.

Uma moeda de cor dourada, ou uma moeda de prata verdadeira, é mergulhada no conteúdo do cálice do Señor la Muerte e depois colocada dentro de uma pequena bolsa de seda negra. Antes da bolsa ser deixada aos pés do Señor la Muerte, ela é fumigada na fumaça de sete folhas de louro e os poderes do Senhor da Morte são novamente chamados para conceder riqueza e abundância monetária.

O ritual todo, que deve ser realizado no sétimo dia de cada mês durante sete meses consecutivos, resulta na criação de um talismã para riqueza simples, mas muito poderoso, que canaliza diretamente as energias do SLM.

Na segunda feira seguinte ao dia em que a sétima e última moeda foi colocada dentro da bolsa, o talismã de riqueza ativado é levado a um cemitério e enterrado dentro da sepultura de um homem rio. Sete velas douradas (ou amarelas) são colocadas ao redor do local onde o talismã foi enterrado. Então, as sombras dos mortos e dos espíritos ctônicos do submundo são conjuradas em nome do seu mestre, Señor la Muerte, Senhor do Cemitério, e solicitadas a conceder as riquezas que o talismã enterrado tem o poder de atrair. Os espíritos são convidados a abrir todos os caminhos para o sucesso financeiro e da riqueza, e são oferecidos tabaco e bebidas alcoólicas como pagamento por sua ajuda. O trabalho é então finalizado com os espíritos e seu Mestre sendo louvados, e o devoto deixa o cemitério, sem olhar para trás.

A estrutura de muitos trabalhos que são feitos no culto do Señor la Muerte se assemelham muito à bruxaria realizada na 'brujeria' tradicional da América Latina, assim como de muitos cultos afro-brasileiros e afro- caribenhos. Se alguém entender a 'lógica oculta' por trás das estruturas rituais dos trabalhos mais tradicionais feitos em nome do SLM, é possível criar rituais pessoais e iniciar trabalhos mágicos mais esotéricos e elevados com o Senhor da Morte. Por isso é importante lembrar que o Señor la Muerte, além de possuir poder de criar mudança física, também possui grandes poderes espirituais, que podem libertar potencialmente seus seguidores dos grilhões que os prendem ás limitações da existência material. Ele possui as chaves que podem abrir as 'portas da alma' para formas de existência superiores.

O Senhor da Morte é um grande alquimista, e a morte que ele traz pode atuar como um processo alquímico exultante, transmutando e refinando a alma e / ou espírito do homem e acelerar a evolução que, no final, leva à transcedência e a libertação. Por causa disso, é importante lembrar que o SLM / Senhor das Almas guarda e controla os caminhos tanto material quanto espiritual, e portanto, deve ser abordado para fins de baixa e alta magia.

Na escuridão sedenta por morte, os iluminados encontrarão sua própria luz interior, uma luz que queima todas as ilusões da vida finita e ilumina o caminho oculto para o Reino Eterno.

O que se segue é uma coleção de trabalhos mágicos simples e tradicionais que canalizam o poder dos fluxos espirituais ligados aos Señor la Muerte, tanto os revelados quanto os ocultos. Eles podem assim ser usados pelos fiéis para canalizar seus poderes, a fim de criar mudanças conforme sua própria vontade.

PROTEÇÕES

O propósito deste trabalho de magia simples e tradicional é, com o auxílio do Señor la Muerte, edificar uma barreira mágica em torno de sua residência a fim de afastar e repelir todos os inimigos em potencial, ladrões e outros invasores. O ritual deve ser realizado à meia noite, em uma segunda feira de lua crescente.

Os seguintes elementos são necessários para o trabalho:

uma tigela de barro
1 litro de água de nascente
1 copo de rum
1 copo de vodka
1 colher de chá de pó de sândalo
1 colher de pau comprida
3 velas brancas e 3 velas pretas
uma estátua consagrada, ou Payé, do Senõr la Muerte feita de madeira, metal ou osso
caixa de fósforos
um prato grande o suficiente para servir de tampa para a tigela de barro
um pedaço de tecido vermelho usado para limpeza)

1 – Acenda as velas do altar e entoe treze vezes:

Salve Señor la Muerte!

Coloque a tigela de barro no chão em frente ao altar e a encha com a água de nascente, o rum e a vodka, e então adicione o pó de sândalo. Mexa a mistura com a colher de pau, enquanto reza ao Señor la Muerte e rogue-lhe para conceder sua proteção.

2– Posicione as três velas brancas e as três velas pretas em um círculo ao redor da tigela de barro, depois coloque a estátua ou Payé do Señor la Muerte em pé, dentro da tigela. Com o auxílio de 6 palitos de fósforos acenda as velas (um para cada vela), e diga:

Santo da Morte, Espírito Esqueleto Poderoso, esteja presente ao meu lado, e me proteja, seu fiel seguidor, me conceda seus poderes e abençõe os trabalhos mágicos que irei realizar agora em Seu nome!

Salve Señor la Muerte!

3– Sente-se no chão, em uma posição confortável em frente à tigela de barro. Relaxe e comece uma meditação focando seus olhos na chama da vela mais próxima de você. Respire calma, profunda e vagarosamente.
Lentamente comece a sentir as energias do Señor la Muerte, emanando para fora da estátua e que saturam com poder o conteúdo da tigela e você mesmo. Mude o ponto focal da chama para a tigela e, com seu olho interior, visualize a tigela sendo rodeada por uma aura negra arroxeada pulsante. Faça isso por 10 minutos, enquanto entoa mentalmente:

Senhor da Morte, proteja-me com tua foice!

4– Quando você sentir que o conteúdo da tigela está carregado com os poderes do SLM e com sua própria vontade mágica focada, levante-se em frente da tigela de barro e das seis velas acesas, e recite a invocação ao Señor la Muerte a seguir:

Senõr la Muerte, Ó Senhor da Escuridão Desconhecida, eu te invoco!

Esteja agora comigo, teu filho fervoroso, e deixe que tua sombra protetora seja lançada sobre meu trabalho!

Poderoso Espírito Esqueleto, tu que és mestre de todos os mistérios da Morte, sacie meu corpo e minha alma com teus poderes escuros, e com tua essência imortal, e dê forças à minha magia!

Santo dos Assassinos, proteja a mim e todo aquele que estiver ao meu lado, e feche os caminhos de de todos os meus inimigos!

Proteja meu lar, que eu tornei um templo dedicado ao teu poder, e com tua foice sangrenta expulse todos os visitantes não convidados, indesejados e desagradáveis, ladrões e outros invasores!

Rei da Morte, deixe teu manto negro de sombras mortais se tornar uma barreira impenetrável que deve cercar meu lar e, com teu poder feiticeiro, defenda-me e puna impiedosamente todo aquele que quiser me ferir!

Salve Senõr la Muerte!

5– Levante a estátua da tigela e a recoloque no altar. Sirva as oferendas tradicionais de comida ao Senõr la Muerte, junto com um cigarro aceso, uma taça de licor e outras oferendas costumeiras como incensos e flores, em frente à estátua. Depois de cerca de uma hora apague as velas do altar, e exclame sete vezes:

Salve Senõr la Muerte!

Cubra a tigela de barro com o prato para criar uma tampa provisória, e tire do chão as seis velas acesas, uma a uma, colocando-as sobre a tampa na tigela, e deixe que apaguem por si mesmas. Deixe todo o trabalho restante em frente do altar por 24 horas.

6– Na noite seguinte (que deve cair sob a influência de Marte), imediatamente após a meia noite, acenda as velas do altar e convoque as bênçãos e poderes do Senhor da Morte. Remova a tampa da tigela e umedeça o pano vermelho no conteúdo da tigela de barro, que agora está cheio de poder. Use o pano para 'lavar' todos os batentes de portas e janelas de sua casa, umedecendo o pano novamente sempre que for necessário.
Para cada batente de porta e janela que você lavar diga o seguinte:

Grande Señor la Muerte, em teu nome e através de teu poder, eu selo esta porta/janela e tranco todos os intrusos, ladrões e inimigos!

Senhor da Morte, proteja este lugar com tua foice letal e castigue todo aquele que quiser cruzar esta barreira que selo agora em teu nome!

Salve Señor la Muerte!

Continue lavando e selando cada batente até a casa toda ter sido limpa e selada com os poderes do invencível Senhor Esqueleto. Termine o trabalho indo para a parte de fora da sua casa e selando o batente externo da porta da mesma forma realizada anteriormente. Depois, para que se 'tranque' magicamente a casa toda, umedeça o pano vermelho pela última vez e use para marcar sete cruzes em X sobre a porta.

7– Traga a tigela, o resto das seis velas, o pano de limpeza vermelho e todas as oferendas da noite anterior para um cemitério. Junto com uma vela branca e uma preta, um cigarro aceso e sete moedas, coloque tudo em uma sepultura apropriada e reze ao Senhor da Morte, agradecendo-O por Suas bênçãos e Sua proteção. Saia do cemitério sem olhar para trás.

RITUAL DE REVITALIZAÇÃO

Este trabalho tem como objetivo conceder poder vitalizador e uma enegia estimulante para acabar com a fadiga, doenças e depressão. O trabalho pode ser conduzido sempre que se sentir psiquica ou fisicamente esgotado, e na necessidade de um aguçamento de todos os sentidos. Isso ajuda a se tornar centrado e desperta um poder pessoal e vital.

São necessários os seguintes elementos:

3 velas vermelhas
uma estátua do Senõr la Muerte consagrada
braseiro com carvão
2 colheres de chá de semente de mostarda amarela
3 colheres de chá de chá mate
4 colheres de chá de hortelã
4 folhas de limão secas
almofariz e pilão

1– Acenda as velas do altar e invoque os poderes do Senhor da Morte. Peça a Ele, que geralmente é um ceifador da vida, para ajudá-lo no fortalecimento de sua força vital. Coloque as três velas vermelhas no chão, formando um triângulo cujo ápice deve estar direcionado ao altar.

Coloque a estátua do SLM no meio deste triângulo de poder e posicione o braseiro na frente da estátua. Bata três vezes no chão com sua mão esquerda, então acenda as três velas vermelhas, e diga:

Saúdo o Tomador da Vida e Doador da Morte!

Poderoso Señor la Muerte, abençõe agora seu fiel seguidor e reverta as correntes negras que estão sob teu único poder!

Conceda-me a vitalidade e deixe que a vida esgotada, os fluxos saturninos se voltem para os meus inimigos e os afogue na amargura da morte!

Grande Soberano, conceda-me uma força renovadora para o corpo, a mente e a alma! Salve Senõr la Muerte!

2– Acenda o carvão dentro do braseiro e deixe-o queimar até restar somente as brasas vermelhas. Coloque as sementes de mostarda, chá mate, hortelã e as folhas de limão no almofariz e com o auxílio do pilão, triture tudo até virar um pó fino.

Com sua mão esquerda coloque uma quantidade suficiente da mistura de incenso no carvão quente e diga:

Eu queimo este incenso sagrado para a maior glória do Señor la Muerte!

O Senhor que tudo pode, aquele que pode realizar tudo, conceda-me algumas gotas do néctar escarlate de suas colheitas que gotejam de Sua foice imponente, e desperte o fogo adormecido da vida que agora está latente dentro de mim!

Salve San Esqueleto!

3– Sente-se em uma posição confortável no chão, próximo da base do triângulo marcado pelas três velas. Relaxe e inspire profundamente três vezes enquanto você focaliza o poder acumulado dentro do triângulo. Como feito antes, coloque três vezes uma quantidade de incenso nas brasas e com seu olho mental, visualize a fumaça ficar vermelho sangue, dinamizando as energias emanadas da estátua animada do Senhor da Morte. Sinta e veja esta bruma vermelha se tornar concentrada e fortalecida dentro do triângulo de poder, e diga:

Señor la Muerte, Senhor Poderoso da Foice Rubra, conceda-me agora poder e força!

Respire a força reunida dentro do triângulo e, a cada respiração, leve-a cada vez mais fundo dentro de si, e deixe-a despertar a chama vermelha da vida que queima dentro de seu corpo e alma. Medite sobre o poder extático que lhe foi concedido, e deixe que cada respiração profunda extraia mais e mais energia através da revitalização da fumaça sagrada.

Coloque mais incenso nas brasas quando for necessário.

4– Depois de pelo menos 30 minutos respirando a essência vermelha do interior do triângulo de chamas triplas, você pode terminar o trabalho dando louvores e graças ao Señor la Muerte. Apague as velas do altar, mas deixe as três velas vermelhas extinguirem-se sozinhas, e queime o incenso restante no braseiro como uma oferenda final para o Senhor da Morte. Coloque a estátua de volta no altar somente quando as três velas vermelhas queimarem totalmente.

Pegue os restos das três velas vermelhas, as cinzas do incenso e do carvão e leve a uma floresta, enterrando tudo sob uma grande árvore em nome do Señor la Muerte. Por fim, dê o fumo do tabaco, três moedas e um pouco de vinho tinto como uma oferta de libação aos espíritos daquele local.

DESVIO DE MAU OLHADO

Uma crença bem comum em muitas tradições mágicas e folclóricas no mundo é a de que o ódio, a inveja e o medo
de outras pessoas podem eventualmente criar fortes correntes de energia, ou formas-pensamento com atributos vampíricos que podem ser perigosos para nós. De acordo com muitas tradições ocultas, estas energias negativas, ou formas-pensamento são muitas vezes direcionados e enviados através do olhar fixo daqueles que, consciente ou inconscientemente, possuem o poder do 'mau olhado'. Nesses casos, acredita-se que o olhar em si cria um elo que transfere diretamente para a aura suas vítimas suas energias venenosas.

O trabalho a seguir tem como objetivo, com o auxílio dos poderes mágicos do Señor la Muerte, formar um escudo contra o 'mau olhado' e outras formas de ataque astral, e retorna todas as formas-pensamento e energias negativas à pessoa que as gerou e enviou.

Os seguintes elementos são necessários ao trabalho:

um pote de vidro com tampa
½ copo de gim
½ copo de aguardente
1 colher de chá de mirra em pó bem fino
azeite de oliva virgem
uma colher de pau
uma estátua consagrada do Senõr la Muerte
3 velas vermelhas
um cinzeiro
um charuto

1– Acenda as velas do altar e entoe sete vezes:

Salve Senõr la Muerte!

Reze ao Senhor da Morte e peça a ele para conceder teus poderes ao seu trabalho e ajudá-lo a criar um escudo mágico que deve desviar todas as energias negativas, enviando-as de volta aos seus remetentes. Posicione o pote de vidro aberto no chão em frente ao altar, e despeje nele o gim, a aguardente, a mirra em pó e três gotas de azeite. Use a colher de pau para mexer o conteúdo do frasco com movimentos no sentido anti-horário, até que estejam completamente misturados.

2– Tampe o pote e coloque a estátua poderosa do Senõr la Muerte em pé sobre a tampa, e repita três vezes:

Santo da Morte, conceda-me poder!
Rei da Morte, conceda-me tua proteção! Aceite aquele que está sob teus pés!

Salve Señor la Muerte!

Coloque as três velas vermelhas ao redor do pote de maneira que cada vela marque a ponta de um triângulo de manifestação, cujo cimo deve estar direcionado para o altar, e proceda acendendo cada vela em nome do Señor la Muerte.

3– Recite sete vezes a seguinte oração ao Senhor da Morte:

Santo poderoso e temido, Ó tu que semeia a morte e ceifa a vida, eu, que saúdo tua escuridão sempre faminta, peço-te agora tuas bênçãos!

Esteja agora ao meu lado, lança tua sombra sobre mim, e conceda teu poder para o meu trabalho mágico!

Deixe tua foice sangrenta se tornar meu escudo protetor que deve desviar e enviar de volta o veneno dirigido a mim através dos olhares de meus inimigos, e com a escuridão das sepulturas, faça cegar pra sempre seus olhos odiosos!

Señor la Muerte, tu que é um grande libertador, liberta-me, que sou um de teus filhos mais fiéis, do mal que meus inimigos dirigem contra mim, e deixe que suas armas e seus venenos retornem contra si mesmos, e trespasse seus próprios corações covardes!

Senhor da Foice, conceda-me teu poder e proteção! Salve Señor la Muerte!

4- Coloque o cinzeiro na frente do pote e acenda o charuto como uma oferenda ao Señor la Muerte. Coloque-se sobre o joelho direito, apoiando o pé esquerdo firmemente no chão, fume o charuto e solte a fumaça na estátua e no pote sob seus pés. Cada vez que você soltar a fumaça do charuto, diga o seguinte:

Assim como eu te dou esta fumaça sagrada, peço-te que dê o poder a esta tintura colocada debaixo de teus pés, com a força protetora de sua poderosa foice!

Dê forças ao meu trabalho!

Quando você tiver fumado mais da metade do charuto, coloque a parte restante no cinzeiro em frente ao pote e grite:

Salve Señor de la Guadaña! Salve ao Senhor da Eterna Ceifa!
Apague as velas do altar, mas deixe a estátua do Señor la Muerte em pé dentro do pote até que as três velas vermelhas se findem completamente, depois volte a estátua ao seu lugar no altar.

5– Nas manhãs dos sete dias seguintes, após ter tomado um banho refrescante, molhe o dedo indicador de sua mão esquerda no conteúdo energizado e protetor do pote e, em seguida, com o dedo ungido, trace um triângulo de fogo em sua própria testa.

Visualize um triângulo vermelho e flamejante, e observe como suas chamas se esparramam completamente sobre toda a sua aura. Sinta as chamas banindo todas as energias nocivas ligadas ao seu corpo sutil e mandando-as de volta como setas em chamas aos seus pontos de origem.

Não lave ou limpe o triângulo traçado em sua testa. Em vez disso, tente re-focalizar a marca no astral várias vezes durante o período de sete dias em que você usar a tintura. Esta focalização na marca do traçado serve para fortalecer seu poder e reforçar a blindagem de chamas em torno de seu corpo.

Após o sétimo dia, envolva o pote em um pedaço de seda preta e coloque-o em cima, abaixo ou perto do altar do Señor la Muerte. A tintura de proteção mantém seus poderes durante sete meses e você pode usá-la sempre que achar necessário.

AMALDIÇOANDO A MORADA DO INIMIGO

O objetivo deste ritual de maldição é canalizar os poderes negativos e destrutivos do Señor la Muerte, de modo a afligir um inimigo e a todos que o rodeiam, com a confusão, a dor, doença e medo. O trabalho dirige as correntes de energia desarmônicas do Senhor da Morte em direção a um prédio inteiro, como a casa ou o local de trabalho do alvo, e fere a todos os que vivem ou habitam no local com a ira saturnina do portador da foice sangrenta.

Este trabalho de maldição é melhor se for realizado após a meia noite de sábado, quando a lua estiver minguando ou na lua negra.

Os seguintes elementos são necessários ao trabalho:

uma estátua consagrada do negro Señor la Muerte
um pote de vidro com tampa
terra de uma sepultura (de preferência de um túmulo de um suicida ou assassino), adquirida e paga de acordo com a tradição descrita na segunda parte deste livro)
sete grãos de pimenta preta inteiros
3 gotas de mercúrio
1 colher de chá de pó de osso humano
2 colheres de chá de sementes de mostarda negra
2 colheres de chá de pimenta-de-caiena
1 colher de chá de pólvora
1 colher de chá de enxofre
uma colher de pau pequena
7 velas pretas
oferendas tradicionais do SLM

1– Acenda as velas do altar e saúde o Senõr la Muerte fazendo o Sinal da Caveira de dois Ossos Cruzados (erga seus braços à sua frente, feche os punhos e cruze o antebraço esquerdo sobre o direito, na forma de um X sobre seu peito, logo abaixo do queixo, formando assim o símbolo da caveira com dois ossos cruzados). Bata o pé esquerdo três vezes no chão, então grite sete vezes:

Salve Señor de la Guadaña Sangrienta!

Abaixe os braços e recite a seguinte proclamação:

Mestre da Foice Sangrenta, é de minha vontade, nesta noite negra e sem lua, direcionar os poderes das correntes sinistras do Rio da Morte e, em teu poderoso e abençoado nome, dirigir tuas correntes mortais para a destruição de meus inimigos!

É de minha vontade, nesta noite escura de maldição, conjurar as energias devastadoras representadas pela foice sangrenta do meu Santo da Morte e, com o poder das sombras dos túmulos, golpeie e castigue meus inimigos tolos!

Em nome do Senõr la Muerte, que as trevas famintas da morte devorem todos aquele que ousam ficar em meu caminho!

Salve Senõr la Muerte!

2– Coloque o pote de vidro no chão em frente ao altar e encha-o com a terra da sepultura, os grãos de pimenta, o mercúrio, o pó de osso, as sementes de mostarda negra, a pimenta-de-caiena, a pólvora e o enxofre. Mexa com a ajuda da colher de pau, misturando cuidadosamente os ingredientes do pote.

Concentre suas intenções nocivas em direção do alvo enquanto mexe os ingredientes dentro do pote, e entoe continuamente:

Medo, confusão e dor, para derrubar meus inimigos!

Quando todos os elementos estiverem completamente misturados, e você puder sentir que os ingredientes nefastos do pote estão impregnados com a energia de sua própria vontade mágica, é hora de deixar de lado a colher de pau e rosquear a tampa do pote de forma segura.

3– Coloque a estátua do Señor la Muerte em pé sobre a tampa do pote, então posicione as sete velas pretas em torno do pote, de modo que cada vela marque as pontas de um heptagrama invertido. Acenda cada vela em nome no Senõr la Muerte e quando a sétima vela estiver acesa, recite a seguinte invocação ao Senhor da Morte por sete vezes:

Poderoso Senõr la Muerte, ó tu mestre de todos os mistérios da escuridão e da morte, eu, NN, que te sirvo fielmente com a mão esquerda, te invoco agora!

Conceda-me teus mais temíveis poderes nesta noite de vingança e preencha os elementos colocados sob teus pés com os poderes destrutivos de teus feitiços mais negros!

Deixe que a terra amaldiçoada sob teus pés seeja imbuída com tua essência terrífica e mortal, e que este poder traga terror, loucura, confusão, discórdia, doença e dor ao meu inimigo!

Senõr de las Sombras Oscuras, ó tu que comanda as sombras dos mortos obscuras e sedentas de sangue, deixe que o conteúdo deste vaso colocado sob teus pés se torne um veneno por teus poderes devoradores, e me ajude em meu trabalho de negra maldição!

Salve Senõr la Muerte!

4 – Sente-se no chão em frente as sete velas acesas e, enquanto olha nos olhos da estátua, visualize intensamente diversos cenários em que o alvo sofre as aflições que você deseja infringir-lhe. Direcione a força de sua vontade através de seus olhos, e deixe que se torne suas orações mudas de vingança ao fetiche sagrado do Senhor da Morte.

Finalize esta oração malévola e a contemplação após cerca de 30 minutos, clamando:

Salve o Senhor da Morte, o castigador e repressor de todos os meus inimigos!

5 – Sirva ao Señor la Muerte suas oferendas tradicionais de cravos vermelhos, uma garrafa de cerveja, uma taça de licor, um charuto grande, incenso de mirra e patchouli, e um prato com três ou sete costeletas de porco cruas (bem temperadas com pimenta). Arrume as oferendas em torno das sete velas pretas, com o prato de costeletas de porco posicionado no chão defronte a estátua. Fume metade do charuto e sopre cuidadosamente a fumaça na estátua e no pote sob seus pés, enquanto entoa mentalmente:

Medo, confusão e dor, para derrubar meu inimigo!

Coloque o restante do charuto no cinzeiro, e entoe sete vezes:

Salve Senõr la Muerte!

Apague as velas do altar. Deixe as sete velas queimarem completamente e deixe a estátua sagrada de pé sobre o pote, cercado por todas as oferendas, até a noite seguinte.

6 – Na noite seguinte, ao soar da meia noite, coloque a estátua poderosa do Señor la Muerte de volta no altar e, como de costume, pegue todas as oferendas da noite anterior, mais os restos das sete velas pretas, e leve ao cemitério, colocando tudo sobre um túmulo, ou esconda tudo dentro dos arbustos do cemitério.

7 – Agora o conteúdo nocivo do pote de vidro está pronto para ser usado. Vá à casa ou prédio que você deseja amaldiçoar e abra cuidadosamente a tampa do pote. Caminhe lentamente em sentido anti horário em volta do prédio todo, espalhando o nefasto conteúdo do pote atrás de suas passadas, enquanto sussurra sem parar a seguinte maldição:

Em nome do Señor la Muerte, eu te amaldiçôo com a terra da morte e trago a escuridão, terror e dor a ti, NN, e a todos aqueles que habitam nesta casa (ou prédio)!

Em nome do Señor del Cementerio, eu tiro de ti toda felicidade, amor e sucesso, e vez disso trarei a ti, através deste solo envenenado, miséria, discórdia e pobreza!

Quando a volta completa tiver sido dada em torno da casa e você estiver de frente para sua entrada novamente, pise no chão com seu pé esquerdo três vezes, e diga:

Em nome do Senõr la Muerte, este trabalho de maldição está feito! Salve o Senhor da Morte!
Quebre o pote de vidro vazio no chão em frente à entrada da casa amaldiçoada e dê três passos para trás, sendo o primeiro deles com seu pé esquerdo, vire-se e saia sem olhar para trás.

O CAIXÃO DO FEITIÇO DE MORTE

O objetivo deste trabalho de magia negra é fechar todos os caminhos da vida do inimigo, exceto o caminho que o levará à sepultura. Esta maldição de morte é um dos rituais de feitiçaria negra mais temidos dentro do culto argentino do Señor la Muerte, e acredita-se que ele destrói completamente a vítima contra quem o feitiço é lançado.

Este ritual deve ser realizado em uma noite de sábado, ao soar da meia noite, quando a lua estiver minguando ou em sua fase negra.

São necessários a este trabalho os seguintes elementos:

Um pequeno caixão preto de madeira
terra do túmulo de um assassino ou um soldado (adquirida e paga de acordo com a tradição)
fios de cabelo, aparas de unhas, pedaços de roupa, uma caligrafia e / ou qualquer outro elo simpático com o alvo
3 colheres de chá de enxofre
7 pimentas inteiras
1 costeleta de porco crua
uma fotografia do alvo da maldição
7 pregos enferrujados (preferencialmente tirados de um caixão)
4 velas pretas
meio copo de sangue de porco
uma imagem do Senhor da Morte, desenhado em um pedaço de pergaminho, e colocada sob os pés da poderosa estátua do altar por sete noites consecutivas antes do ritual Oferendas tradicionais do SLM

1– Acenda as velas do altar e entoe sete vezes:

Salve Senõr la Muerte!

Proceda recitando a seguinte proclamação de sua vontade:

É de minha vontade, nesta noite de magia nefasta, dirigir as correntes venenosas do meu ódio ao meu inimigo, NN, e com a ajuda dos poderes das trevas e da morte, mate seu corpo e sepulte a sua alma!

Pelo nome poderoso do Senõr la Muerte, o ceifador da vida e o doador da morte, é de minha vontade retirar do meu inimigo, NN, toda luz e vitalidade, e condená-lo à fria escuridão de um túmulo faminto!

Através deste ritual negro de morte, eu dou meu inimigo, NN, como uma oferenda ás sombras lançadas pela Grande Cruz Negra!

Salve Senõr de la Cruz Negra!

2– Coloque o caixão negro aberto no chão defronte ao altar, e encha-o até a metade com terra de sepultura. Coloque os fios de cabelo, as aparas de unhas e outros elos de ligação do alvo dentro do caixão, e salpique com o enxofre e as pimentas por cima. Depois, coloque a costeleta de porco dentro do caixão e, por último, a foto do alvo, virada para cima, sobre o pedaço de carne crua.

Sente-se no chão em frente ao caixão, e conjure todo o seu ódio e vontade de trazer a morte ao alvo. Enquanto segura os sete pregos enferrujados em sua mão esquerda, concentre-se em suas razões para querer que esta pessoa morra e chicoteie-se até um estado de frenesi furioso. Carregue os pregos com o veneno de sua vontade mágica e odiosa, e visualize-os numa incandescência de energias negras com as quais você os empoderou.

Quando você sentir que atingiu o ápice de sua “meditação negra” e que tenha criado a energia funesta necessária

para direcionar as correntes obscuras em direção ao alvo, você pode prosseguir golpeando fortemente a foto com os sete pregos. A cada prego que atravessar a foto, você deve sentir a força malévola e mortal de sua vontade de infligir a morte penetrando bem na força vital do alvo, e em cada golpe, você deve visualizá-lo em aflição pela ira, pela dor e pela escuridão que você direciona a ele.

3– Posicione as quatro velas em torno do caixão de forma que elas marquem os pontos cardeais de uma cruz, então as acenda em nome do Señor la Muerte. Despeje lentamente o sangue de porco por toda a foto transfixada do alvo enquanto você o visualiza sangrando até a morte como resultado das feridas dos golpes mágicos com os quais que você o atingiu, tanto no corpo como na alma. Após contemplar o conteúdo do caixão e os poderes que foram direcionados, prossiga enchendo o interior do caixão com o restante da terra de túmulo.

Com o dedo indicador de sua mão esquerda, marque um X sobre a terra dentro do caixão e coloque o pedaço de pergaminho com a imagem desenhada do Senhor da Morte por cima com a face voltada para baixo. Mantenha sua mão esquerda sobre o caixão e recite sete vezes a invocação a seguir:

Senhor da Morte e Santo dos Assassinos, Oh poderoso Señor la Muerte, eu, NN, que te sirvo com minha mão esquerda, te conjuro e invoco teus poderes terríveis!

Esteja agora ao meu lado e abençõe meus ritos mortíferos, e deixe que a total extinção do meu inimigo anuncie tua presença e se torne outro testeminho de seu poder temível!

Poderoso Santo Negro da Morte, eu te peço agora para castigar impiedosamente NN, a quem eu, eu teu nome, condenei a morte, e permita que as legiões de sombras famintas que estão sob teu comando se deleitem nele e lhe drenem toda a vida!

Permita que NN, que é meu inimigo, e portanto teu também, seja assolado pela frieza gélida de tua ira Saturnina, e permita que seja enterrado sob uma montanha de escuridão, terror, loucura, dor e morte!

Señor la Muerte, tu que és o semeador das sepulturas, permita agora que a semente da morte dolorisa seja semeada no coração traiçoeiro de meu inimigo e o obrigue a colher os frutos envenenados do meu feitiço de vingança!

Senhor da Morte e Portador da Foice Sangrenta, mate agora meu inimigo! Traga a morte ao meu inimigo! Traga a morte a NN!
Após a sétima recitação, ponha a tampa do caixão, e diga:

Pelo poder do Senhor da Morte, está feito!

4– Pegue a estátua do Señor la Muerte do altar e a coloque em pé sobre a tampa que fecha o caixão. Sirva as oferendas tradicionais do Senhor da Morte no chão, arrumando-as em torno do caixão e das quatro velas pretas. Sopre a fumaça do charuto sobre a estátua e o caixão sob ela, enquanto você direciona suas orações através da fumaça ao poderoso Señor la Muerte. Quando mais da metade do charuto já tiver sido fumado, coloque-o no cinzeiro próximo das outras oferendas e apague as velas do altar. Deixe as quatro velas pretas que circundam o caixão queimarem completamente e deixe todo o restante no chão até a noite seguinte.

5– Na noite posterior, algo entre a meia noite e as 3 da manhã, traga o caixão juntamente com todas as oferendas da noite anterior a um cemitério desolado. Encontre um túmulo adequado, de preferência marcado por uma grande cruz negra, e coloque todas as oferendas defronte o túmulo, em frente à cruz negra. Cave um buraco no túmulo, e deposite o caixão dentro dele. Com sua mão esquerda segurando o caixão, recite sete vezes a invocação usada previamente no ritual (veja passo 3). Encha o buraco e cubra o caixão com a terra e nivele o túmulo do inimigo pisando três vezes sobre ele com seu pé esquerdo.

Entoe sete vezes:

Salve Señor la Muerte!

Dê três passos para trás, dê a volta e deixe o cemitério sem olhar para trás.

A TRADIÇÃO CAINITA

Eu saúdo o Poderoso Defunto e seu soberano Enquanto marco meu pé esquerdo três vezes diante do portal Eu saúdo o Senhor dos Ossos e peço por sua proteção Nele eu coloco toda minha confiança e toda minha fé Eu caminho em direção à grande Cruz Negra Que marca o lugar do monte secreto Eu acendo velas perante ele E atinjo a terra com a vara de abrunheiro Pelo primeiro crânio semeado na terra, Três vezes eu bato no chão com minha mão esquerda Pelos dois ossos cruzados sob ele, Com minha vara eu traço Seu selo sob a areia Eu batizo o sinal traçado com oferendas de libação Agua branca, negra e vermelha borrifo sobre o chão Perfumo a cruz com a respiração de Amiahzatan, E invoco o Coveiro do Primeiro Monte Sepulcral Eu vim para convocar o Senhor das Sombras, O Mestre dos que habita dentro dos ossos ocos Eu vim para ascender as Chamas Ctônicas O Fogo de Língua Tríplice do Submundo. Eu invoco meu Mestre Qayin, O semeador do Primeiro Cadáver Eu invoco o Senhor de Todos os Sepulcros O Lavrador Canhoto, O Senhor dos Ossos. Violento Mestre, atenda meu chamado, E conceda-me seu poder infernal. Guie meus passos perante Seu Reino E ilumine-me com a Luz Enegrecida da Morte.

RAÍZES PAGÃS E ASPECTOS ESOTÉRICOS

Além dos tradicionais, bem conhecidos aspectos do SLM (SEÑIOR LA MUERTE) e Seu culto, há muitos aspectos do Senhor da Morte e seus ritos mágicos que pertencem às correntes mais ocultas da confraria de feitiçaria da morte não limitadas às raízes argentinas apresentadas na primeira parte deste livro. Esses aspectos levam-nos muito mais a fundo no Caminho Esquerdo, e apresentam muitas possibilidades para diferentes tipos de alta prática mágica. É dentro de trabalhos de aspectos secreto do SLM que as fortes ligações entre seu culto de Morte e outros, formas mais escuras de magia e feitiçaria podem ser encontrados.

Afim de abrir os portais para os caminhos ocultos que levam ao Reino da Sombra da Morte, e determinar a verdadeira identidade do poderoso Senhor da Morte, devemos primeiro nos familiarizarmos com Suas origens mitológicas. Aqui novamente, nós encontramos tanto ensinamentos exotéricos relacionados ao mais aberto culto simplista, assim como os esotéricos ensinamentos que poucos tiveram a oportunidade em participar.

Se olharmos na mitologia usada pelo exotérico e cultos brancos mágicos para explicar o que e quem é SLM e como ele veio a ser a personificação da morte, encontraremos duas histórias primárias que são difundidas e confirmadas. A primeira delas identifica o Senhor da Morte como o “anjo e mensageiro de deus” conhecido como Azrael. Dentro deste contexto, acredita-se que SLM (como o Senhor da Boa Morte) é o anjo Azrael, e que seu

único propósito é cumprir e aplicar a vontade de deus. Na hora da morte, que é predestinada pelo próprio deus, é a missão de Azrael cortar as “cordas da vida” e coletar as almas dos mortos . De acordo com essa crença, é o dever de Azrael, em concordância com o destino cósmico ou “a vontade e julgamento de deus”, trazer as almas dos mortos para as suas vidas após a morte no paraíso ou no Inferno.

Por razões obvias, este conceito mitológico poder ser apenas relevante para aqueles pertencentes às fés cristãs, mulçumanas e judaicas. Além disso, ela oferece muito pouco potencial para a construção de qualquer tipo de prática mágica em torno deste “anjo da morte”. Se o ‘Senhor da Morte” é identificado como um mensageiro arconte que apenas segue a vontade de seu deus, seria impossível utilizar seus poderes para a prática de magia, seja ela branca ou negra. Por exemplo, não seria possível corromper, ou de qualquer outra forma influenciar, um obediente e angélico arconte cumpridor da lei para ajudar com trabalhos de feitiçaria. Isto é especialmente verdadeiro quando se trata dos ritos amorais e antinomianos de magia negra, no qual o mago coloca intencionalmente sua vontade individual contra o “plano divino” e as leis do criador afim de alcançar seus objetivos pessoais. O aspecto de Azrael é, de fato, considerado completamente irrelevante dentro do esotérico culto da morte, e avaliada como sendo uma forma inútil para aqueles que buscam a mais oculta e poderosa essência do Senhor da Morte.

É portanto, comum para devotos de SLM que trabalham dentro das ramificações mais obscuras do culto fechado evitar o uso das representações aladas do ceifeiro de almas completamente, enquanto elas personificam o aspecto angelical “Azrael” que é evitado. SLM é, ao invés disso, visualizado como, e dado a forma de um esqueleto alado armado com uma foice sangrenta, enfatizando Sua conexão com a terra negra e os mistérios ctônicos, um tópico que será discutido em mais detalhes posteriormente.

A outra explanação mitológica exotérica e confirmada em relação à origem e identidade do SLM é principalmente popular na América Latina, especialmente na Argentina e países limítrofes como Guatemala e Paraguai. Ela mistura tanto elementos pagãos como cristãos, e gira em torno da história de um rei bom e justo, “Rei Pascual”, que era amado e respeitado por todos os seus súditos leais.

De acordo com esta lenda, ela foi o rei que após sua morte fora nomeado por deus para tornar-se seu novo “mensageiro da morte”.

A este mensageiro da morte é dada atarefa de vigiar um grande salão cheio de velas acesas. Cada vela representa uma vida humana, e a missão do Rei Pascual é coletar as almas representadas por cada vela que queima ou, caso contrário, extinta. Quando uma vela é queimada dentro deste salão de almas, ela representa a morte natural de um humano. Se ela explodir ou, de alguma outra forma, fica extinta prematuramente, representa alguma forma de anormal e, frequentemente, violenta morte. Somente depois que a chama de cada vela é extinta, este mensageiro da morte é enviado para cortar o fio da vida pertencente à pessoa ligada àquela vela e, com sua foice, separa a alma de sua couraça física. Rei Pascual é também visto como um condutor de almas e é acreditado para inaugurá- los ao seu destino na vida após a morte.

Dentro desta simples história que tenta, de maneira folclórica, explicar a origem e a função do Senhor da Morte, há também vestígios de, e ligados, aos mitos de Azrael. Mas, contrário à mais ortodoxa história de Azrael que foca especificamente no aspecto “ancangélico” da morte, há uma possível explicação aqui de porque e como este “Bom Rei da Morte” pode ter sido solicitado para dar esta ajuda para os trabalhos mágicos populares do culto de Rei Pascual. Acredita-se que porque, em vida, este Senhor da Morte foi um rei justo que tratava seus súditos gentilmente, ele continua a favorecer seus leais seguidores. Então, embora ele seja agora o mensageiro da morte, ele continua a proteger e e emprestar sua ajuda aos seus fiéis devotos.

E, portanto, acredita-se que com a ajuda de certas orações, oferendas e rituais, alguém pode ganhar os favores e bênçãos do “Senhor da Boa Morte”. Seus poderes são, portanto, convocados para proteção contra violência e morte antinatural, o banimento de espíritos obsessivos, a cura de doenças, e qualquer outra coisa que varia desde encontrar objetos perdidos para a aquisição de sorte, dinheiro e felicidade.

Esta fundação mitológica é muito simples e tem muitas falhas para ser de qualquer uso real para o esotérico e negro culto mágico da morte, pois em Rei Pascual encontramos uma forma espiritual muito limitada que não pode ser de qualquer beneficio significante para o mago que trilha o Caminho Sinistro. Então, agora é hora de mudar além da simplista e limitada esfera do catolicismo popular, e se aventurar em território mais profundo para alguns dos mais obscuros, mais esotéricos aspectos do Senhor da Morte.

Como mencionado anteriormente, há aqueles que conectam o Señor la Muerte com os deuses antigos e pagãos da morte e do submundo. Na Argentina, a deidade pagã mais comumente associada com o Senhor da Morte é o deus da morte do Guarani, muitas vezes referido como Ayucaba. Todavia, há muito outros deuses da morte Sul- americanos e Centro-americanos que são invocados por seus devotos através de formas simbólicas do portador esquelético da foice sangrenta. Essas formas pagãs são muito mais relevantes e proveitosas para os trabalhos conduzidos dentro do culto fechado, que transcendem muito, se não todas, as limitações impostas pelos mitos angelicais judaico-cristãos. Isto proporciona a oportunidade de estabelecer uma fundação mitológica que promove tanto a magia negra quanto trabalhos de alta magia com a personificação da morte.

Os devotos Sul-americanos e Centro-americanos que trabalham dentro das linhas que fortemente conectam a essência do SLM com os deuses da morte de seu próprio povo indígena são muitas vezes ligados à ”brujeria” (feitiçaria) e “magia negra”, ao invés de formas mais benignas da magia branca popular praticada pelos “curandeiros”. Por isso quando as éticas e morais cristãs, e a visão de mundo são rejeitadas, uma vontade individual própria assume a posição central, e os limites entre o aceitável/branco e ilegal/formas negras de magia tornam mais e mais difundidas.
Entre os relevantes aspectos pagãos conectados ao culto do Señor la Muerte estãos o previamente mencionado Ayucaba do Guarani, Mictlantecuhtli dos Astecas, Ah Puch dos Maias, e Supay dos Incas.

Ayucaba, que acredita-se ser um dos nomes ou títulos do deus da morte das tribos Guaranis, representa um relativamente desconhecido aspecto do Senhor da Morte, quando comparado a alguns dos outros nomes supracitados. Ayucaba era vislumbrado e representado na forma de um esqueleto numa postura sentada ou de cócoras que em alguns aspectos se assemelhava à posição fetal. Era também em uma postura semelhante que os mortos dos Guarani eram queimados, enquanto acreditava-se que eles retornavam ao ventre da terra negra afim de preparar seu renascimento dentro do submundo. Ayucaba era considerado o deus e pai dos mortos, que abria o portal das almas no momento da morte e acolhia todas as sombras dos defuntos para seu reino eterno.

Seu sacerdócio entre os Guarani consistia do “pajé” (xamãs e magos) que dedicavam suas vidas a esse serviço. Eles eram conhecidos não apenas por sua capacidade de invocar seus poderes afim de curar e banir doenças, mas também por seus feitiços obscuros que poderiam trazer morte e destruição aos seus inimigos. Por isso os mais poderosos talismãs do Señor la Muerte são nomeados depois por esses poderosos xamãs. Este fato é apenas um de muitos sinais que mostram-nos as antigas raízes do culto da morte Argentino, e fortemente sugere que a linhagem da forma corrente de prática pode ser traçada ao culto pagão de Lorde Ayucaba.

O Mictlantecuhtli (Senhor de Mictlan) dos Astecas pode ser comparado a Ayucaba tanto em forma quanto em essência, e muitas estátuas e imagens mostram-no sentado em uma posição de cócoras, similar a certas representações de Ayucaba. Também é relevante a forma iconográfica de Mictlantecuhtli como um esqueleto com sangue respingado usando uma coroa adornada com penas de coruja sobre seu crânio e um colar de globos oculares em torno de seu pescoço. Ele era frequentemente mostrado segurando um crânio em uma mão e uma faca em outra, símbolos de seu poder para infligir morte e reinar sobre os mortos em seu reino, Chicunauhmictlan, que era localizado dentro da seção mais baixa, escura e setentrional do submundo.

Mictlantecuhtli recebia sacrifícios humanos por seus admiradores, que eram conhecidos por consumir a carne e beber o sangue de suas vítimas afim de comungar com seu Senhor da Morte. Mictlantecuhtli e sua força ctônica eram tão poderosos que o deus criador, Quetzalcoatl, tinha que roubar fragmentos ósseos, representando os poderes mágicos e dinâmicos possuídos pela morte e pelos mortos, de seu reino obscuro afim de ganhar o poder necessário para criar e dar vida à raça do homem mortal. Mictlantecuhtli era assim entendido como uma fonte de poderes mágicos ilimitados e como o governante da eternidade além dos breves sonhos de vida finita.

O deus Maia, Ah Puch, é um aspecto muito fascinante do Senhor da Morte que claramente incorpora o sinistro lado noturno do deus ctônico. Ah Puch era o governante e portador de todas as formas de sofrimento e mortes antinaturais, que frequentemente traziam destruição através de doenças mortais e infecto-contagiosas. Ele governava o nono nível de Xibalba (o Reino da Morte), que era chamado Metnal e, como ambos os aspectos supracitados do deus da morte, também era frequentemente representado como um cadáver sentado ou esqueleto usando uma coroa ou cocar com penas de coruja. Ah Puch também era mostrado segurando um crânio ou uma faca e era frequentemente apresentado usando um colar de crânios humanos. Seu papel tanto contra o homem quanto contra outros deuses era muito antagonista, que claramente o identifica como uma das personificações do fluxo esquerdo da corrente negra da morte.

Finalmente, temos Supay dos Incas, que é possivelmente o aspecto pagão mais interessante da morte que pode ser fortemente liado ao Señor la Muerte. Supay governou sobre o Reino da Morte e dos mortos em Uku Pacha (o submundo), e era considerado tanto o deus da morte quanto o mestre dos demônios. Seu símbolo era o crânio, mas

suas próprias representações frequentemente mostravam-no na forma aterrorizante de um deus chifrudo demoníaco. Suas legiões de demônios eram conhecidas por arrebatar jovens crianças durante as noites mais escuras e matar todos aqueles que poderiam bloquear seu caminho ou de perturbar de outra forma sua orgia noturna. Supay também recebia oferendas de sangue pelos Incas, que celebravam seus ritos com o propósito de divertirem-se com seus poderes destrutivos.

As associações e atributos do obscuro e demoníaco Supay não foram esquecidos e ele eventualmente veio a ser identificado com o próprio Satã pelos bolivianos dos dias atuais. Ele ainda é admirado por mineiros bolivianos como o “Senhor do Submundo” e acreditam ser seu deus protetor e patrono. Sua proteção, junto com quaisquer outras bênçãos solicitadas pelos mineiros, são pagas com suas oferendas de licor, velas, charutos, cigarros, folhas de coca, garrafas de água e sacrifícios anuais de animais, que são colocados em frente ao santuário subterrâneo de Supay. Hoje, Supay ou “El Tio” (“O Tio”), como é conhecido na tradição mágica popular boliviana, é mais frequentemente visto como um deus conectado às riquezas do submundo do que a um deus da morte. Mas também ainda é um governante dos poderes demoníacos do submundo que é conhecido por trazer morte dolorosa aos mineiros que são tolos o suficiente para não lhe demonstrar o devido respeito, ou deixam de dar-lhe suas tradicionais oferendas.

Nós poderíamos examinar muitos outros deuses da morte e espíritos esqueléticos tanto das tradições religiosas Orientais quanto Ocidentais, tais como Nergal, Namtaru, Hades, Pluto (Plutão), Thanatos, Mors, Charon e o poderoso Ankou, todos que, de uma forma ou de outra, poderiam ser vistos como aspectos diferentes da essência representada pelo Señor la Muerte.

Em vez disso, focaremos agora no aspecto secreto que desempenha o papel mais central dentro de nosso próprio Templo dedicado ao Senhor da Morte. Ele pertence `linha oculta do culto da morte e conecta a cultivação dos poderes do Poderoso Senhor Esqueleto, com formas dissidentes de Gnosticismo, formas tradicionais de bruxaria, feitiçaria Goetica e diabolismo medieval. Este aspecto do Senhor da Morte Canhoto na forma do ceifeiro é revelada através da gnose do Primeiro Assassino, nosso Mestre Cain (Qayin).

QAYIN, LAVRADOR DA TERRA E O PRIMEIRO ASSASSINO DO HOMEM

O fluxo da gnose Cainita que temos dentro do Templum Falcis Cruentis a qual se conecta e manifesta-se através do culto do SLM, pode ser traçado de muitas fontes exotéricas e esotéricas diferentes, mas a fundação dessa linha Cainita do culto da morte é primeiramente baseada no papel bíblico, textos apócrifos e gnósticos, e certas tradições orais que nos ensinam sobre o Tornar-se Obscuro do Mestre Qayin.

Qayin, que foi o primeiro filho de Eva, ocupa um lugar central dentro de muitas tradições esotéricas. Ele desempenha um papel especialmente favorecido dentro do conhecimento de várias linhas de Gnosticismo antinomiano e formas tradicionais de feitiçaria negra. Este papel é frequentemente dado a Ele porque, de acordo com fontes Cabalísticas e apócrifas, Ele é citado como uma das primeiras manifestações incorporadas do Lado Negro sobre a terra. As tradições secretas nos ensinam que Adão não foi o verdadeiro pai de Qayin, e que sua mãe, Eva, permitiu-se ficar tentada de muitas formas do que somente durante sua interação com a Astuta Serpente.

De acordo com esses ensinamentos confirmados mas ocultos, ela era o próprio Demônio (Samael, Satã ou Lúcifer) que, através da forma da Serpente, manifestou sua Luz Negra e guiou Eva a comer dos frutos da Árvore do conhecimento, e ao mesmo tempo seduzindo-a e semeando sua semente flamejante dentro de seu ventre. O fruto dessa abençoada intrusão do espírito do fogo vivificante na escuridão da matéria que Eva incorporou em seu estado adormecido, resultou no nascimento de Qayin. Assim, quando Eva, de acordo com a bíblia, exclamou “Eu gerei um homem com senhor”, não era o senhor, YHWH/Yadabaoth, que ela queria dizer.

Também é de interesse notar que o nome, Qayin, pode ser traduzido como: “adquirido”, ou, alternativamente (e de grande relevância para nossa própria tradição), uma “lança” ou “arpão”, como no contexto de ser “rápido como” ou “rapidamente atingindo como” uma lança.

Portanto, ele era Qayin, o filho primogênito cuja linhagem secreta de sangue o ligou ao fogo acósmico da luz Externa, que tornou-se o segundo presente do Demônio, Samael, para Eva. E era Qayin que estava destinado a abrir os portais entre o Reino da Luz Negra (Sitra Ahra) e o reino Sefirótico no qual o demiurgo YHWH havia aprisionado as centelhas da Divinas e Amorfas Chamas do Aeon Desconhecido Além de Todos os Aeons, através de seus atos cegos de criação.

Depois que Qayin nasceu, Eva deu à luz um segundo filho, este realmente gerado por Adão, e ela o nomeou Abel. Pelo contrário, Abel era o resultado de uma união menos essencial entre Eva, a portadora da centelha divina caída na escuridão da criação, e Adão, que nada mais era do que uma criatura de argila. Como resultado, Abel cresceu para tornar-se o débil oposto de Qayin (e, dentro de certos contextos, pode ser entendido como a personificação das limitações dos nascidos da argila, ou casualmente o Ego imposto, do próprio Qayin).

E neste ponto que a fundação Cainita de nosso culto do Ceifeiro começa a tomar forma, pois está escrito que Abel cresceu e tornou-se um “pastor de ovelhas”, enquanto Qayin tornou-se o “lavrador da terra” e o Primeiro Ceifeiro...

Desde o início, uma espécie de rivalidade existia entre Qayin e Abel por causa de suas dessemelhantes naturezas espirituais. Qayin, que podia sentir o calor pneumático de seu Sangue Flamejante puxando-o para longe de Sua falsa família e seu senhor, tornou-se cada vez mais hostil em relação ao seu “irmão”. Este ressentimento culminou no momento definitivo do Despertar de Qayin, que começou a se manifestar quando o osso (mais frequentemente descrito como a mandíbula de um cavalo ou um burro), ou umas de suas próprias ferramentas de colheita, tais como uma espécie de arado primitivo ou uma foice...

Através de sua oferenda de sangue, que em certos aspectos é uma reminiscência tanto da oferenda do cordeiro deAbel ao demiurgo, quanto do arado da terra de Qayin (neste caso a terra é substituída com a argila de Qayin), Qayin iniciou o Despertar de seu “Self” Demoníaco e abriu os portais entre o campo manchado de sangue (o Primeiro Akeldama) e sua manifestação Qliphótica dentro do mundo noturno de Nahemoth. De acordo com essas tradições, este é o ponto no qual o ctônico e mais jovem aspecto de Lilith, Mãe dos Demônios, aceita e bebe o sangue derramado de Abel, revelando, assim, o papel de Qayin como o Ceifeiro Canhoto e Portador da Morte.
A morte de Abel foi a primeira morte humana no mundo e fora provocada por Qayin, através do primeiro ato de assassinato, inspirado por impulsos Luciféricos dentro de Qayin e os sussurros sem voz de seu pai, Samael-Satã. Através de Qayin, a vontade dos poderes Qliphóticos foram manifestadas. As raízes da Árvore da Morte,

interligadas com as raízes da Árvore da Vida (ou “Árvore das Mentiras”) foram capazes de se romperem e manifestarem-se, criando aberturas para a Luz Negra dentro da terra de Malkuth.

A Morte, em seu primeiro aspecto e manifestação, fora assim introduzida no mundo pelas forças do Lado Externo, como um meio para a Luz Negra ajudar a liberar as partes dos Informes Espíritos de Fogo que são mantidos aprisionados dentro de formas causais do cosmos.

De acordo com a gnose Cainita, o *demiurgo nomeou o **arconte Azrael, como o anjo da Morte a fim de controlar o poder das forças do Lado noturno que foram introduzidas no círculo fechado da criação.

Qayin, que por assassinar o débil Abel, também eliminou partes de seu próprio ego limitante e ilusório, tornou-se cada vez mais consciente de Sua própria origem verdadeira e potencial. Em conformidade com Sua vontade para transcender as limitações da existência causal, ele consequentemente aliou-se com os poderes anti-sefiróticos e acósmicos. Algumas tradições afirmam que depois que o assassinato fora cometido, Qayin foi guiado por um corvo preto (A’arab Zaraq – O Corvo da Dispersão e da Morte) para cavar uma sepultura, na qual Ele semeou o cadáver de seu fraco irmão Abel, portanto o Primeiro Ceifeiro e Assassino também tornou-se o Primeiro Coveiro E o Senhor do Primeiro Monte Sepulcral (o Primeiro Gûlgatã, Golgota).

Através desta ação um pacto de sangue formou-se entre Qayin, a flora que Ele regou com o sangue derramado de Abel, e o solo no qual ele queimou o cadáver de seu irmão. Isto oferece uma dica a respeito de porque os cravos e as rosas são sagradas para o Senhor da Morte dentro da linha de prática Cainita. De acordo com o conhecimento tradicional, elas eram as flores brancas da inocência e da ignorância que Qayin coloriu de vermelho quando Ele as regou com o sangue de Abel. É dentro deste contexto também que o papel de Qayin como o Primeiro Ceifeiro e Lavrador Canhoto ganha seu verdadeiro significado...

De acordo com o conhecimento bíblico, quando o demiurgo descobriu o que Qayin havia feito ao seu filho favorito, ele convocou Qayin para interrogatório e julgamento. Ele disse para Qayin: “Onde está Abel, seu irmão?”, ao qual Qayin respondeu: “Eu não sei. Eu sou o dono do meu irmão?”. O enfurecido demiurgo disse: “O que você fez? A voz de seu irmão de sangue está chorando para mim da terra. E agora você está amaldiçoado da terra, que abriu a sua boca para receber seu irmão de sangue de sua mão; Daqui em diante, quando até o chão não produz boa colheita para você. Você será um fugitivo e um andarilho sobre a terra”.

É neste contexto que o campo da colheita do sangue salpicado de Qayin, algumas vezes descrito dentro das tradições esotéricas como o “deserto vermelho” ou o “caminho espinhoso de fogo” torna-se o caminho que o leva (e seus seguidores) além da confinante criação do demiurgo. Dentro de outros contextos relacionados aos mistérios de Qayin como o Senhor da Foice Envenenada, este mesmo campo amaldiçoado é descrito como o “jardim caído da morte”, que somente rende os frutos da maldição, colhidos pela mão esquerda...

Após ouvir a sentença e a maldição do demiurgo, Qayin orou para Seu Senhor e pediu proteção contra todos aqueles que poderiam opôs-se a Ele em suas peregrinações. Como uma resposta às suas orações, ele recebeu a benção da “marca de Qayin”, chamado de maldição apenas pelo profano. Este marca o protegia contra todos aqueles que queriam vê-lo morto, e seu Senhor disse a Ele (por causa da proteção da marca sobre sua testa): “Portanto, aquele que ferir ou matar Qayin, a vingança será vingada sete vezes”.

Esta parte do conhecimento Cainita está aberta para interpretação e poderia ser entendida de acordo com as tradições dos próprios leitores e nível de iniciação. Por exemplo, alguém poderia indagar como quem este “Senhor” que Qayin orou e recebeu sua marca protetora, realmente era. Era o enfurecido demiurgo que havia acabado de amaldiçoa-lo e que, portanto, parece improvável que tenha qualquer intenção de salvá-lo do perigo? Ou era mesmo “Senhor” por quem Eva proclamou ter gerado um homem (seu primeiro filho) depois de ter relações sexuais com a Serpente?

Após ser banido, Qayin, que procurava seu próprio fogo espiritual paterno, deixou sua antiga morada para trás e trilhou o caminho tortuoso para o Reino Externo. Ele saiu da presença do demiurgo, e “habitou na terra de Nod, no leste do Éden”. Entendemos que a terra de Nod (Nod sendo a palavra hebraica para “desenraizados” ou “errante”) como representando a sede de Qayin após os mistérios proibidos do Lado noturno, o seu desejo para o reino de Seu próprio deus, e a estrada para a total transcendência de suas próprias limitações causais e todas as imperfeições que haviam sido impostas e Ele.

Dentro do culto da morte Cainita, Nod é sinônimo com o longo e espinhoso caminho que conduz aqueles que são do Sangue de Qayin, em seus passos, fora da criação do demiurgo e dentro do Reino da Luz Negra.

De acordo com algumas tradições, Cain se estabeleceu por algum tempo em algum lugar nessa “terra de Nod” junto com sua irmã gêmea (que não é nomeada ou sequer mencionada na bíblia) e gerou muitos filhos fortes. Outras tradições afirmam que Qayin não tinha uma irmã, mas que durante suas peregrinações, encontrou uma mulher que havia sido banida do jardim do Éden muito antes de seu exílio...

É afirmado que Qayin, junto com esta misteriosa mulher, gerou muitos filhos fortes que, como seu pai, possuíam um Espírito desperto e tornaram-se portadores do Sangue Flamejante de Samael. Qayin foi portanto o antepassado espiritual de sangue de todos os homens e mulheres que, por causa de sua herança Satânica de Sangue, representam as forças da Luz Negra na face da Terra.

O seguinte é escrito sobre os descendentes de Qayin nas escrituras:

“E Qayin conheceu sua esposa; e ela concebeu e deu à luz a Enoch: e ele (Qayin) construiu uma cidade, e chamou o nome da cidade, depois do nome de seu filho, Enoch. E de Encoh nasceu Irad: e Irad gerou Mehujael: e Mehujael gerou Methusael: e Methusael gerou Lamech.

As duas esposas de Lamech, adah e Zillhah, deram-lhe cada uma dois filhos, Adah dois filhos, Jabal e Jubal, e Zillah um filho, Tubal-Qayin, e uma filha, Naamah”.

Sigilo esotérico de Qayin ben Samael


cONTINUA





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